A aquisição da SABMiller pela AB Inbev provoca novamente a reflexão sobre o estilo de gestão do Grupo 3G, de obsessiva redução de custos e atingimento de metas de resultados.
À primeira vista, pode-se depreender que os funcionários das empresas adquiridas levam um grande choque pela forma agressiva de atuação da nova diretoria. Sem elementos suficientes dos processos administrativos do grupo para estabelecer julgamentos de valor pelos métodos adotados, é possível contudo aproveitar o ensejo para questionar alguns pilares da gestão de RH.
Primeiramente é necessário destacar que o modo de gerir as empresas do grupo AB Inbev é bem sucedido. A elevação dos resultados das empresas pós fusão são consistentes no longo prazo e ratificam o acerto das decisões gerenciais.
O ponto central das polêmicas em torno do estilo de gestão está na aparente supervalorização dos resultados financeiros em detrimento do ambiente de trabalho das empresas adquiridas. Há poucos meses, a principal discussão dos sócios do fundo Berkshire Hathaway, sócio do Grupo 3G, foi o corte de pessoal de empresas compradas.
A base para a gestão do RH é composta por premissas referentes à manutenção de ambiente de trabalho no qual as fatores higiênicos e motivacionais, segundo Hezberg, são satisfeitos. Analogamente, o mesmo vale para as cinco camadas de necessidades de Maslow.
O clima de insegurança na manutenção do emprego, stress contínuo para atingimento de metas e jornadas extenuantes e prolongadas de trabalho para cumprir o esperado pela diretoria são destruidores do clima organizacional produtivo. Além de tudo, tal ambiente tende a isolar pessoas e a minar o esforço colaborativo. Se os resultados de longo prazo da empresa são positivos e consistentes, o estilo de gestão tão execrado não é exatamente como se publica ou as premissas da gestão de Recursos Humanos são frágeis e apenas conceituais.
A segunda hipótese parece não se firmar diante das inúmeras experiências de motivação e envolvimento humano em impulsionar sinergicamente várias empresas que lograram compor equipes engajadas. O mais provável é que as companhias adquiridas pelo grupo AB Inbev possuam de fato uma significativa ineficiência operacional, incluindo inchaços no quadro de pessoal, nas quais algumas firmes correções sejam suficientes para gerar resultados já no curto prazo.
Se essa parece ser a resposta mais razoável, por que os dirigentes anteriores não conseguiram perceber o óbvio e realizar por conta própria as melhorias necessárias para tornar a empresa mais competitiva?